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146 | Na hora da despedida

Nunca pensei que seria tão difícil sair de casa.

Foi fácil quando fiz 16, mergulhar em diversas aventuras. Também sempre foi fácil quando minha mãe mandava eu e meus irmãos para Londres, em aulas de reforço ocasionalmente. Isso porque eu sempre tinha a certeza que em pouco tempo a gente retornaria para casa, para o meu quarto bagunçado, para o lugar que era o meu lar, para os braços de meus pais.

Agora, me despedir, sabendo que não voltarei tão cedo, foi um momento cruel.
Sei que sempre terei meu lugar em Tóquio, meu lugar no coração dessa família, mas o aperto foi demais!

Quando me despedi de meu pai foi algo natural, simples. Ele sempre foi aquele cara parceiro, que sempre está apoiando a gente para o nosso melhor. Sei que haverá as chamadas de vídeo, mensagens engraçadas, até mesmo o trote brincalhão dele.

Mas ao me despedir da minha mãe doeu mais do que qualquer coisa nessa vida. Ver os olhos dela, prontos para o choro, me fez ter a mesma expressão que a dela... Eu quis chorar antes mesmo de alcançar o abraço dela. E ela me apertou tão forte, nunca imaginei que ela tinha tanta força num abraço, e começamos a chorar ali mesmo, no hall da porta de entrada de casa.

Tanta coisa passou na minha cabeça naquele momento: todas as brincadeiras que tive com meus irmãos na fazenda, quando caí e tive que ser levado ao hospital pela minha mãe, todas as histórias que ela contava na hora de dormir, todos os risos e brigas entre mim e meus irmãos ao jogar videogame.

O pensamento foi cortado por uma única frase: "Eu me orgulho do homem que você se tornou". Isso só me fez chorar ainda mais, tendo minha mãe secando minhas lágrimas com suas mãos de uma forma delicada.

Eu só queria correr para o meu quarto e me jogar na cama, ficar lá até a dor passar. Ao invés disso, eu sorri, entre as lágrimas e a dor. Soltei um "eu te amo" para os meus pais, brinquei que queria comer algo gostoso quando voltasse para Tóquio, e saí.

Acho que isso é crescer.