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This isn’t the time to sleep, beauty
O tempo parecia demasiadamente diferente, mas Maya também se sentia assim; diferente de quem costumava ser, o que, em partes, era cômico. Aos dezesseis, tudo o que ela mais queria eram botas brancas de cano longo, de preferência que ficassem um palmo abaixo de seu joelho. Ela queria vestidos de grife, mas também não queria se adaptar às cores escuras; não era fã da cor preta.
Aos dezoito, cogitava a possibilidade de ser mãe, havia comprado novos batons, aprendera a gostar de vermelho e o rosa se tornara uma cor esquecida no guarda-roupa. Aos vinte, a única combinação possível era preto, cinza e branco. Logo, as cores já não eram mais bem-vindas, mas o piano também não. Nem mesmo as noites em que ela apagava sentimentos com potes de sorvete.
Maya odiava a vida adulta, mas também a amava. Odiava ter desistido da carreira, odiava o fato de sentir que agora tudo parecia impossível demais, ou pior, odiava o fato de que já não acreditava mais na ideia de que nada pudesse ser impossível. De protagonista, havia se tornado uma personagem secundária, largada em alguma gaveta, assistindo e torcendo por sua família, por seus amigos e por quem lhe queria bem.
Não havia mais diários, não havia mais cartas, e até mesmo se expressar era difícil. Em que momento ela decidiu que não sabia mais o que deveria ou não ser dito? Em que momento as festas se tornaram chatas? Quando foi que ela decidiu abrir mão do próprio destino?

Posted 10/30/2025, 3:00 AM