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II - A valsa na pista de skate

“Sou um zero absoluto no surf” dizia o cara que no futuro rodaria o mundo comigo fazendo hang ten.

Depois de fazer ele provar um palmier pela primeira vez, dividir histórias do passado e virar modelo de uma foto distorcida (porém bem intencionada), a gente foi pra pista de skate.

No ensaio, tudo saiu lindo. Skate na mão, sapatinho de cristal no pé, quem precisa de lógica, né? Mas na hora do vamo vê... nada. Meus braços giravam pra tentar salvar o equilíbrio que já tinha me abandonado e caí. O sapatinho? Ileso. Meu orgulho? Nem tanto.

Piero virou meu ponto de apoio. Me ajudava a tentar um ollie como se fosse coisa fácil, me segurando ali. Até que perguntei: “Cê sabe dançar?”
Nem pisquei e ele já tinha me tirado do skate. Braço na cintura, mão erguida, olho no olho e começamos a dançar. Uma valsa. No meio da pista de skate.

Ele dizia que o sapatinho serviu, que a carruagem (minha moto) nos trouxe até ali e que faltava pouco pra me chamar de Cinderela. Eu ri. Falei que talvez eu fugisse na moto, deixando o skate (ou o sapatinho) pra trás.
E ele disse que preferia não me deixar fugir, mas que eu era rebelde demais pra tentar segurar. Me girou no ar, me puxou de volta, e por um segundo tudo parou.

“Andy, acho que preciso abrir meu coração pra você...”

Eu travei. A cena era digna de confissão.

“ A gente não gravou nada ainda! Bora tentar mais um ollie?”

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Com todo o carinho do mundo mãe, mas hoje vou discordar.
Relacionamento bom não é calmaria pra mim. É vendaval. É impulso, é faísca, é aquela vontade de viver até a última gota.

Talvez um dia eu ame a previsibilidade. Talvez um dia eu escolha o sofá em vez da estrada. Mas hoje eu ainda escolho o amor que corre comigo. Que me tira o ar e devolve com mais vida.
Eu sei que sua paz é linda, mas a minha felicidade ainda tem cara de desatino.



E amor pra mim é isso.