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22 (+6) popanos de caos e amor (nessa ordem mesmo)

Pensa numa rotina com cheiro de cigarro, café e amor pra crlh. É a nossa. Tem bagunça, tem agitação, às vezes um chicote jogado no sofá do hotel, mas também tem riso solto, tem abraço no meio do corre, tem nossos filhos mais velhos que já tomaram o rumo deles (mas ainda voltam pra matar saudade da mãe mais doida e do pai mais coração do planeta). Tem o caçula que ainda tá tentando entender o que é tudo isso.

Hoje faz 22 anos que a gente casou. 22 anos que esse desgraçado, gostoso, bonitão que era meu melhor amigo, depois meu amante, e hoje é meu marido (e ainda me dá uns tapas na cama como se tivesse 30) me fez esquecer da fujona que eu era.
Porque vamos combinar, eu ia fugir. Nunca quis laço, nem plano de futuro. Eu queria era droga, queria sumir, me vingar, queria me f*der antes que a vida me f*desse primeiro.

Mas ele veio com a música nas mãos e uma ex-mulher do inferno no pé. Médico, cuidadoso, teimoso, com uma família tão bonita que eu me pegava olhando igual criança em vitrine de doce. Nunca fui boa com sentimento, mas ele foi bom demais até pra mim.

Ele me tirou do crack sem julgamento. Me viu consumir e, mesmo assim, me tratava como se eu fosse digna de tudo. E no começo, nem era amor. Era parceria. Era instinto de proteção um pelo outro. Depois virou casa, virou comida quente, virou filho correndo pela sala, virou banda, palco, turnê. Virou a porra de uma vida inteira.

Hoje a gente transa como se fosse proibido, curte como se tivesse acabado de se conhecer e ama como dois velhos que já passaram por coisa demais pra se assustar com idiotice.

Se eu faria tudo de novo? Até pior. Porque amar esse homem me deu o tipo de redenção que nenhum paraíso de Kobe teria coragem de me oferecer.



Parabéns pra nós, MEU homem. Que venham mais infinitos anos. Ou pelo menos mais umas boas fodas e um café forte amanhã cedo.