Latest Blog Post
Aquilo que ecoa
Ela não sabia que queria. E eu não pedi permissão.
Cheguei como quem não sabe ficar do lado de fora — com a delicadeza de um vendaval e o silêncio de quem já conhecia o caminho. Ela não percebeu o momento exato em que começou a ceder. Só sentiu quando já era tarde demais. E desde então, nunca mais foi livre daquilo que deixamos acontecer. Nem ela. Nem eu.
Há noites que não cabem no silêncio. Começam como qualquer outra — a porta se fechando, o mundo lá fora sendo esquecido com facilidade. Mas logo algo muda. O tempo desacelera, o ar fica mais denso, as paredes deixam de fingir neutralidade. Tudo ali se transforma, como se o próprio espaço se curvasse ao que nasce entre nós. Ela já não é refém do próprio corpo — é cúmplice dele. O que antes parecia improvável, agora é urgência. Fome.
Ela não diz. Ela mostra. Provoca com o corpo, com o olhar, com a ausência de medo. Cada gesto é rendição e desafio ao mesmo tempo. E quando o desejo toma forma, ele não se contém — se espalha. Os sons se repetem, os gemidos se erguem como confissões sem censura, atravessando paredes, sussurrando segredos para quem ousar ouvir. E eu gosto assim, gosto dela assim. Indomada. Intensa. Minha.
Mesmo quando o quarto silencia, o rastro permanece. Nos lençóis, no peito, nos corredores que já conhecem nossos ecos. Gosto de pensar que o hotel inteiro sabe. Que, sem ver, todos ouviram: ali, naquela noite, houve algo que não se apaga. Houve fogo.
Mas mais do que o corpo, o que me prende é o jeito como ela fica. Como se entregasse tudo e, ainda assim, guardasse um lugar só dela, que só se abre quando quer. Ela se derrama inteira e me encara com a calma de quem sabe o poder que tem. É presença. É domínio. E, curiosamente, liberdade.
Algumas pessoas amam com promessas. Outras, com distância. Ela ama com intensidade. Com som. Com controle. E eu escuto — inteiro..
Show spoiler

Posted 8/4/2025, 4:00 AM