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🎨 Encontrei o meu traço

Sempre fui a menina calada do fundo da sala, aquela que falava com o lápis, que preferia o papel ao rumor das conversas. Enquanto o mundo gritava, eu desenhava. Me escondia nas linhas, nas curvas, nas pequenas manchas de cor que diziam o que a minha voz ainda não sabia.

O tempo passou, e o silêncio virou spray. O papel cresceu, virou parede, muro, cidade. E eu, que antes me escondia, comecei a me revelar, uma camada de tinta por vez. A rua me ensinou o peso e a leveza de ocupar espaço. A textura áspera do concreto se tornou cúmplice das minhas incertezas, e as cores, minhas formas de respirar.

Vivi um tempo de experimentação, testando estilos, rabiscos, vozes que não eram minhas, mas que me ajudaram a chegar até aqui. Foi preciso errar, borrar, apagar, recomeçar. Cada traço que não deu certo me levou um passo mais perto do que hoje reconheço como meu.

Agora, quando o spray toca o muro, eu sinto: o gesto é meu, o ritmo é meu, o traço é meu. Não é perfeito, mas é verdadeiro e isso basta. Ele carrega minha história, meu silêncio de menina, minha coragem de mulher. Encontrei o meu traço. E, com ele, encontrei também a mim mesma... viva, colorida, em movimento.