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ondé queu tô?

Acho que minha vida virou um mergulho no nautilus, sem cilindro extra. Tipo, desci pra dar uma olhadinha nas profundezas e agora tô aqui, conversando com baiacus sobre decisões de vida. E o pior é que eles têm razão, o que eu tô fazendo aqui embaixo, cara?

Mas tudo bem. Tá tudo ótimo. Quer dizer, tirando a leve falta de ar e o fato de que uma raia quase me atropelou tentando pagar boleto aquático.

Hoje, por exemplo, eu acordei decidido a ser produtivo. Fui nadar até um recife, pensei em fazer exercício (mentira, parei pra conversar com uma alga). Ela me contou que também já teve um ex, uma pedra. Relação tóxica, literalmente.



Acho que eu devia voltar pra superfície, mas aí lembro que lá em cima o Wi-Fi é ruim. Aqui embaixo, pelo menos, dá pra ser deprimido com motivação, debaixo d’água, cercado de criaturas que também não fazem ideia do que estão fazendo da vida.

Ontem tentei compor uma música sobre tudo isso, mas acabei fazendo amizade com um caranguejo. Ele me disse que também tentou esquecer a ex (uma lagosta) e que, no fundo, “a vida é feita de marés, parceiro”. Poético, né? Acho que vou tatuar.

E sim, tudo é uma merda. Brincadeira, tá tudo bem. Pelo menos hoje. Amanhã talvez eu exploda uma bolha de sabão com raiva ou decida abrir uma banda com os golfinhos. Sei lá. A vida no fundo do mar é assim, caótica, salgada e, de vez em quando, até divertida.

Agora que parei pra reler tudo isso… acho que tô chapado.

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